A Acidificação dos oceanos pela emissão de dióxido de carbono

A Acidificação dos oceanos pela emissão de dióxido de carbono

Por João Vitor Ramos

Quando pensamos nas emissões de dióxido de carbono, fatores como o efeito estufa e
o aquecimento global já vêm à cabeça. Mas as mudanças climáticas não são os únicos
problemas causados pelo excesso de dióxido de carbono na atmosfera. O processo de
acidificação dos oceanos é extremamente perigoso e pode acabar com a vida marinha.

A acidificação dos oceanos vem ocorrendo desde a primeira revolução industrial, em
meados do século XVIII, quando a emissão de poluentes aumentou rápida e
significativamente graças à instalação das indústrias por toda Europa. E tal fenômeno
perdura até os dias de hoje com a implementação de novas indústrias e no aumento da taxa
de emissão de CO2.

Qualquer tipo de mudança, por menor que seja, pode mudar drasticamente o meio
ambiente. As mudanças de temperatura, do tempo, do nível de chuva ou até o número de
animais podem causar o total desequilíbrio ambiental. O mesmo pode ser dito sobre a
alteração do pH que indica o nível de acidez de uma solução aquosa, e se dá através da
quantidade de íons H+ presentes em uma solução, nesse caso, a água do mar. Quanto
maior as emissões, maior a quantidade de íons H+ e mais ácido os oceanos ficam.

Estudos preliminares feitos por pesquisadores da USP apontam que a acidificação dos
oceanos afeta diretamente organismos calcificadores, como alguns tipos
de mariscos, algas, corais, plânctons e moluscos, dificultando sua capacidade de formar
conchas, levando ao seu desaparecimento. Em quantidades normais de absorção de CO2
pelo oceano, as reações químicas favorecem a utilização do carbono na formação de
carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos na calcificação. O
aumento intenso das concentrações de CO2 na atmosfera, e consequente diminuição de pH
das águas oceânicas acaba por alterar o sentido destas reações, fazendo com que o
carbonato dos ambientes marinhos se ligue com os íons H+, ficando menos disponível para
a formação do carbonato de cálcio, essencial para o desenvolvimento destes organismos.

Causando assim uma drástica mudança na cadeia alimentar de diversos animais e na
biodiversidade marinha. Uma outra consequência, advinda da perda de biodiversidade de
ecossistemas marinhos é a erosão de plataformas continentais, que não apresentarão mais

corais que ajudam a fixar os sedimentos.
Além de todos os impactos já descritos, com a diminuição do pH oceânico haverá também
o impacto econômico, já que comunidades que se mantém à base de ecoturismo (mergulhos) ou de atividades pesqueiras serão prejudicadas.


Em resumo, podemos dizer que o aumento da concentração de dióxido de carbono na
atmosfera termina por aumentar a acidez e temperatura das águas oceânicas. Neste ponto,
a saturação de CO2 absorvido pelo ambiente marinho somado ao aumento da temperatura
das águas altera o sentido das reações químicas, fazendo com que menores quantidades
deste gás sejam absorvidas, prejudicando organismos calcificantes e aumentando a
concentração do gás na atmosfera.
Dessa forma, é criado um ciclo vicioso entre a acidificação dos oceanos e o aquecimento
global.

Referências:

http://pbmc.coppe.ufrj.br/index.php/en/news/476-acidificacao-dos-oceanos-um-grave-proble
ma-para-a-vida-no-planeta#:~:text=O%20aumento%20intenso%20das%20concentra%C3%
A7%C3%B5es,de%20c%C3%A1lcio%2C%20essencial%20para%20o
https://www.ecodebate.com.br/2010/09/13/o-co2-e-a-crescente-acidificacao-dos-oceanos/
https://www.io.usp.br/index.php/oceanos/textos/vida-e-biodiversidade/67-ingles/noticias-2/96
5-interacoes-ecologicas.html

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